O Memorial se constitui em um exercício de interrogação de nossas
experiências passadas para fazer aflorar não só recordações/lembranças,
mas também informações que confiram novos sentidos ao nosso presente.
A forma como encaramos certas situações e objetos está impregnada por
nossas experiências passadas. Segundo Ecléa Bosi (1979), através da
memória, não só o passado emerge, misturando-se com as percepções sobre
o presente, como também desloca esse conjunto de impressões construídas
pela interação do presente com o passado que passam a ocupar todo o
espaço da consciência. O que a autora quer enfatizar é que não existe
presente sem passado, ou seja, nossas visões e comportamentos estão
marcados pela memória, por eventos e situações vividas. De acordo ainda
com essa autora, o passado atua no presente de diversas formas. Uma
delas, chamada de memória-hábito, está relacionada com o fato de
construirmos e guardarmos esquemas de comportamento dos quais nos
valemos muitas vezes na nossa ação cotidiana.
O Memorial é o resultado de uma narrativa da própria experiência
retomada a partir dos fatos significativos que nos vêm à lembrança.
Fazer um Memorial consiste, então, em um exercício sistemático de
escrever a própria história, rever a própria trajetória de vida e
aprofundar a reflexão sobre ela. Esse é um exercício de
auto-conhecimento.